quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O AUTOR: CAIO FERNANDO ABREU - DE NOVO! E EXPLICO O PORQUÊ.

Por que mais um post falando sobre Caio? Porque tenho visto tanta gente em redes sociais se dizendo fã de Caio sem nunca ter lido um conto sequer dele, baseados tão somente em frases soltas, como as que citarei abaixo. Penso entretanto que para ter-se o direito de proclamar-se fã de um autor, temos obrigação de ter lido alguma coisa deste autor e não somente frases soltas e sem contexto. A trilogia CAIO 3D é uma compilação do que há de mais expressivo em sua obra nas décadas de 70, 80 e 90 e é perfeita para este propósito.

Em "CAIO 3D: O ESSENCIAL DA DÉCADA DE 70" conhecemos Caio no início de sua carreira e no meio do período da ditadura no Brasil. Um caio jovem, cheio de sonhos, confuso, revoltado, eufórico e com sede de aprender e conhecer o mundo. É quando passa um longo período na Europa em subempregos e passa muita dificuldade. Uma coisa interessante deste volume é que ele trás o primeiro romance escrito por Caio, ainda no ginásio, quando tinha 13 ou 14 anos, o qual foi ganhador de um concurso realizado à época.
Caio diz não ter alterado nada pois acha que a graça está no tosco e no tolo do romance, extremamente influenciado pelo melodrama das foto e telenovelas da época. Eu achei engraçadíssimo!!! E mesmo sendo cheio de clichês, extremamente bem escrito se você considerar que ele era um menino de 14 anos.

Seguem, alguns trechos do volume dos anos 70: 

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe,pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo."

"... a única magia que existe é estarmos vivos e não entendemos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

"... deixara o telefone do bar, o endereço, a hora que estaria ali. Um detalhado roteiro, feito dissesse dissimulado estou esperando, você pode me encontrar. Ah, como doía manter-se assim disponível."

"Viver agora é tarefa dura. De cada dia arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria; em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar amanhã."

"A cada dia viver me esmaga com mais força."

Em 1994, ano de sua morte pelo vírus HIV, Caio se torna mais vivo e consciente da beleza da vida. Por suas correspondências publicadas no volume "CAIO 3D: O ESSENCIAL DA DÉCADA DE 90" percebemos um Caio sereno e extremamente engraçado. Em uma carta ele diz " Saio dessa mais humano e infinitamente melhor, mais paciente - me sinto privilegiado por poder vivenciar minha própria morte com lucidez e fé."

Por último vou deixar um trecho de uma carta escrita a um amigo em crise existencial - todos nós as temos não é mesmo? Ele diz "ninguém te ensinará  os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos....Não há caminhos a serem ensinados , nem aprendidos. Na verdade, não há caminhos."


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